Técnico dispara contra desempenho do Brasil no boxe em Paris: "Um fracasso, uma bosta"

Com a derrota da brasileira Jucielen Romeu neste domingo, o país encerra sua participação no boxe nas Olimpíadas de Paris 2024. A única conquista veio com o bronze obtido por Bia Ferreira, derrotada pela irlandesa Kellie Harrington na semifinal da categoria até 60kg. Um desempenho que, para o técnico da seleção brasileira Mateus Alves, até agora foi decepcionante. Ou como o próprio definiu: "Um fracasso, uma bosta".

Beatriz Ferreira é derrotada na semifinal das Olimpíadas de Paris — Foto: REUTERS

O desempenho do Brasil na modalidade ficará abaixo do obtido nos Jogos de Tóquio, em 2021, quando o País subiu ao pódio em três oportunidades com Hebert Conceição conquistando o ouro, Beatriz Ferreira uma prata e Abner Teixeira um bronze.

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"É um esporte que até 2009 não tinha pego nada. Tinha um bronze na história. Só que eu não vou aceitar uma medalha. Pra mim é muito pouco. Foi uma bosta e eu tenho que assumir a culpa como head coach", desabafou o treinador.

- Fizemos um ciclo impecável. Campeão de todos os torneios americanos e campeão por equipe, panamericano, continental, quatro medalhas em mundiais. Então, se o time faz isso em três anos, tem que cumprir nos Jogos Olímpicos. E a equipe sucumbiu à pressão psicológica do Jogos - completou.

Mateus Alves técnico boxe Brasil — Foto: IBA

Nem mesmo o bronze de Beatriz Ferreira foi motivo de comemoração para o treinador. Para ele, o desempenho contra a irlandesa Kellie Harrington foi abaixo do esperado. Vale destacar que a brasileira era favorita à medalha de ouro.

" A Bia fez a parte dela, mas também sentiu hoje muita a questão, não lutou cem por cento. Esse não é o cem por cento da Bia. E amanhã a Jucielen tem que garantir essa segunda medalha. Ou ganha ou ganha", afirmou.

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- É sentar agora e reavaliar, ver o que aconteceu. Porque uma equipe que ganhou quatro medalhas mundiais, ganha o Pan-Americano em cima de Cuba, dos Estados Unidos com time completo, não pode vim pra cá, pegar um bronze e achar que foi bom - continuou Mateus Alves.

"Nós não cumprimos a meta, foi um fracasso, foi uma bosta, eu estou irritado e vai ter que mudar alguma coisa. Eu vou rever também a minha questão com a CBBoxe porque eu fiquei muito insatisfeito com o nosso resultado".

Kellie Harrington golpeia Bia Ferreira nas semifinais das Olimpíadas de Paris 2024 — Foto: REUTERS/Peter Cziborra

O treinador também reforçou que a pressão em cima dos atletas por conta dos holofotes dado pela Olimpíada não pode ser desculpa para explicar os resultados abaixo do esperado.

- Nós vivemos num mundo que eu chamo "o mundo das sombras midiático". A gente vai pra um evento na Bulgária, que é fortíssimo, pega dois ouros e não tem repercussão alguma. Em um evento considerado top um do mundo. E os atletas convivem nesses últimos seis meses com uma mudança drástica de patrocínio, de mídia, de televisão. Isso é diferente quando o cara sobe no ringue e começa a dar errado. Aquilo vem nas costas. Mas não é desculpa pra perder. Porque tudo que se quer é visibilidade. Se você quer dinheiro, quer aparecer, tem que aprender a viver com a cobrança - concluiu.